Poderia dedicar as palavras que a mim solicitaram para tecer elogios à qualidade técnica deste material, pela excelência nas escolhas dos temas ou pela importância desse tipo de produção, mas não o farei. Soa para mim redundante. Gostaria de sensibilizá-lo sobre quão inspirador é prestigiar esse tipo de trabalho. Não só pelo de fato de que os estudos aqui trazidos tiveram como cenário um dos maiores e mais completos hospitais públicos do país, mas sobretudo pelo protagonismo da enfermagem aqui refletido. Me recordo de um dos meus primeiros professores da graduação ter me dito que "para saber se você gostaria de ser enfermeiro primeiro deveria se perguntar se você gosta de cuidar do outro". Por muito tempo essa frase, ainda que provavelmente sem essa intenção, me fez reduzir a enfermagem ao "cuidado ao paciente", no significado mais simples da palavra cuidado. Não pretendo aqui discutir a conceituação técnica atual a respeito do que é o cuidado, tampouco sobre o alcance desse termo nos dias de hoje. Me refiro ao que "cuidado" significava para mim lá em 2009, eu com 16 anos, ingressando numa universidade pública para me graduar enfermeiro. Essa forma como me foi apresentada a enfermagem me fez ser um ávido crítico de toda e qualquer retórica que limitasse a enfermagem à somente prestação do cuidado direto ao paciente. Essa postura que adotei me possibilitou a buscar e mergulhar para entender o que a enfermagem alcançava e quais eram suas possibilidades. O que mais me encantou nessa minha procura, dentre as inúmeras coisas grandiosas que a enfermagem ilumina, foi o relevante papel dela na produção científica em nosso país. Mais tarde, quando decidi me especializar em Qualidade e Segurança do Paciente, essa minha percepção se reafirmou e, já não tão surpreso, me dei conta do destaque da enfermagem na construção, implantação e implementação da cultura de qualidade e segurança do paciente nos mais diversos serviços de saúde. É isso que este livro simboliza: a magnitude da enfermagem. Na incansável luta contra forças que tentam marginalizar sua atuação, a enfermagem segue resistindo. Esse livro é símbolo disto. Da resistência. Com qual arma se luta? A produção de conhecimento. Desafio você a ler esses artigos para além do que tecnicamente eles oferecem, mas com a reflexão da dimensão do que o todo dele representa. Aqui, ganha a enfermagem, ganha a ciência, ganha a política de segurança do paciente, mas, sobretudo, ganha quem o digere. Espero que este livro proporcione a você a mesma experiência que a mim proporcionou.
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