Antes da metade do século XIX, o Brasil saltou de uma posição insignificante no século anterior até o lugar de maior produtor mundial de café, abastecendo o mercado norte-americano e europeu da bebida, que havia se tornado moda não fazia tanto tempo nos salões da aristocracia, mas cujo consumo rapidamente pulverizou-se pelos diversos níveis sociais. Foi exatamente durante o século das emancipações no mundo que o braço negro escravizado no Vale do Paraíba sustentou este boom, criando um novo cinturão agrícola que ergueu cidades e gerou enormes riquezas que só aproveitaram aos senhores de tantas almas. Quem eram estes senhores (diga-se, em muitos casos, senhoras) que se apossaram de várias centenas de gentes? Como alçaram-se à condição de maiores produtores agrícolas mundiais da rubiácea em poucas décadas? O ritmo ascendente de qualquer história de apogeu soa sempre como um prelúdio ao declínio, possivelmente menos por uma necessidade estrutural, embora muitos a defendam a ferro e fogo, e mais por vício narrativo. A emancipação dos escravos, o secamento das terras, dos cafezais e das cidades costuma ser entoado como a harmonia de uma monofônica ruína do Vale. Entretanto, quais precisamente foram as causas do declínio? Quão pesado foi o peso do martelo legal emancipatório na economia da região? Já próximo ao fim, estes "donos das almas" conseguiram adaptar-se a uma economia não escravista? Estas são algumas das perguntas a que os inventários de Piraí abrem certas frestas.
Dieser Download kann aus rechtlichen Gründen nur mit Rechnungsadresse in A, B, BG, CY, CZ, D, DK, EW, E, FIN, F, GR, H, IRL, I, LT, L, LR, M, NL, PL, P, R, S, SLO, SK ausgeliefert werden.