A moralidade enquanto virtude esperada dos governantes e de pessoas públicas remonta a séculos, e, assim como no passado, permanece fundamentalmente importante debater sobre ética e moralidade na vida pública, principalmente porque, no Brasil, a luta anticorrupção se mostra como uma grande (e banalizada) bandeira política. Tal debate, contudo, atrai diversas outras questões da mais alta relevância, sobretudo quando se adiciona o componente eleitoral, como, por exemplo, o papel reservado ao povo em uma democracia e se a ele (ao povo) tem sido dada a oportunidade de exercer o sufrágio de forma livre. Nesse contexto, faz-se necessário verificar se está em curso um processo de cerceamento da vontade eleitoral da população, por meio da interferência dos Poderes da República na seara eleitoral, mormente na tutela de um cidadão que, segundo premissa cultural, não sabe escolher bem seus próprios governantes. Conforme se propõe a demonstrar, não seria, essa, a primeira vez que tal interferência limitadora da cidadania se desenha no Brasil.
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