Uma história, uma protagonista, muitos personagens que corporificam a história individual e simultaneamente coletiva de muitos humanos, que têm seus amores ceifados pela morte - este mistério - arquétipo que ronda nossas cabeças e invoca a necessidade de constelar outro, o arquétipo da vida... Para honrar os amores que se vão, necessário se faz viver, por nós e pelos que se foram, e que permanecem vivos em nossas lembranças, de alguma forma em algum lugar, independente do nome que se dê... Comte-Sponville, ao falar da gratidão, nos faz uma grandiosa ampliação sobre esta virtude. Diz que o sábio se regozija com o viver e com o vivido e desta forma a gratidão não anula o luto, consuma-o, porque nem mesmo a morte não poderia anular o que vivemos. [...] Trata-se de aceitar o que é, portanto, também o que não é mais, e de amá-lo como tal, em sua verdade, em sua eternidade: trata-se de passar da dor atroz da perda à doçura da lembrança, do luto a consumar ao luto consumado, da amputação à aceitação, do sofrimento à alegria, do amor dilacerado ao amor apaziguado. Assim, o autor afirma que o trabalho com o luto é o trabalho de gratidão. Adriana Goreti de Oliveira Lopes
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