Histeria: ópera na poética da loucura é um exercício de ressacralização do pensamento artístico na performance da loucura, do canto e da ópera. Reivindicando o pensamento artístico e o lugar da criação, este livro é uma reflexão poética e filosófica sobre a loucura do artista, o cantor-intérprete como criador, a ópera como espaço da performance da loucura e as relações entre criação poética e o feminino. Tendo sido escrito com a produção do espetáculo operístico Histeria, este não é um livro sobre arte, mas desde a própria arte, construído com esta no decorrer do processo criativo. O caminho no qual nasce a arte é o caminho originário pelo qual ela pode ser compreendida. É o caminho do abismo, da incerteza e da errância; o caminho da loucura e da singularidade do sentido. Uma vez que só se pode sentir com os próprios sentidos, o caminho da arte é este caminho que já está em todos nós como jornada entre o fascínio e o espanto. Pensar a arte - e não sobre a arte - é ser com ela, como autopoiese e renascimento. Esse é o ofício do intérprete e do cantor, que empresta a si mesmo, voz e corpo, para ser muitos e gerar e dar à luz nova vida. Como gestação e autopoiese, a performance da loucura - e da histeria, tipicamente atribuída às mulheres - é reveladora do princípio criativo feminino que se manifesta pela arte. Performar e interpretar a loucura é um exercício metalinguístico: é levar ao palco o que está no cerne do processo criativo - a estranheza do próprio devir. De artista e de louco todo mundo tem um pouco. Este livro é destinado a cantores, intérpretes, artistas, amantes de ópera, filosofia ou música ou a qualquer um que admita ver em si mesmo um pouco de loucura.
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