A emigração cearense recebeu impulso tanto dos cafeicultores que manipulavam o Governo central para subsidiar as passagens dos retirantes, quanto das empresas que aproveitavam da influência que tinham nesse Governo para transportar os retirantes que estavam apinhados no litoral. A emigração subvencionada foi, sem dúvida, um grande impulsor dessa emigração. Ela, juntamente com o desenvolvimento dos latifúndios, a subordinação da agricultura de subsistência à agricultura comercial, as mudanças nas relações de trabalho no campo, as grandes secas, o liberalismo do Governo oligárquico do Ceará, e o aumento da densidade da população, ajudou a criar o que definimos de configuração social favorável à emigração. Todas essas rupturas do equilíbrio tradicional de tensões foram responsáveis pelo deslocamento da população. Embora o Governo e a sociedade defendessem que a população migrava porque era preguiçosa, nômade, inexperta, mestiça, vadia, ambiciosa, etc.