Muito distante do imaginário que produzimos sobre as instituições escolares, a Escola Pluricultural Odé Kayodê é lugar de encantaria, talvez seja possível dizer que é onde descansam os poemas de Manoel de Barros. Escrito a partir da etnogräa com crianças na Odé Kayodê, o livro Caminhos, tramas e diálogos do tornar-se sujeito fala sobre Psicologia, Antropologia, Educação e Infância trazendo mais provocações que caminhos, mais encruza que horizonte de chegada. Brincando com aspectos literários e poéticos, de forma leve e posicionada, o livro nos convoca a ampliar os debates sobre as identidades étnicas e subjetivas da infância. Para isso apresenta, na perspectiva crítica à colonialidade da educação brasileira, como as práticas e os discursos sobre a infância, e das próprias crianças, participam de sua constituição psíquica, corporal e identitária. A linha que guia esse texto é antes de tudo a escuta atenta às crianças e o respeito às infâncias. A partir do encontro etnográ¿co é inevitável a experiência do deslocamento, estranhar o mundo que nos é dado como pronto, entender a dimensão das invenções e ¿cções que compõem nossas identidades e, a partir destas provocações, cutucar as duras e brancas teorias acadêmicas sobre desenvolvimento humano, educação e psicologia.
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