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DAME UM CAFÉ - de Hélder Fortes!
Este é um romance que convida à leitura de um só fôlego, porque está pejado de vida. Vida real numa interessante mescla com a ficção. O ecrã ou palco é a cidade cosmopolita do Mindelo.
Ao ler este DAME UM CAFÉ do Hélder Fortes, somos obrigados a viajar para uma pequena cidade-mundo sui generis. Mindelo. Nesta sua prosa ele cria-nos cenários tão fortes que, por vezes, podem parecer chocantes.
Trata-se de uma espécie de olhar social, antropológico, cultural, psicossociológico de uma certa realidade sanvincentina. A nu e cru. Com poucas papas na língua.
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Produktbeschreibung
DAME UM CAFÉ - de Hélder Fortes!

Este é um romance que convida à leitura de um só fôlego, porque está pejado de vida. Vida real numa interessante mescla com a ficção. O ecrã ou palco é a cidade cosmopolita do Mindelo.

Ao ler este DAME UM CAFÉ do Hélder Fortes, somos obrigados a viajar para uma pequena cidade-mundo sui generis. Mindelo. Nesta sua prosa ele cria-nos cenários tão fortes que, por vezes, podem parecer chocantes.

Trata-se de uma espécie de olhar social, antropológico, cultural, psicossociológico de uma certa realidade sanvincentina. A nu e cru. Com poucas papas na língua. Na tessitura desta obra de Hélder Fortes, temos a sensação, vezes sem conta, de que paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, através da escrita, para terem mais vida, para poder ser mais vivida.

A abordagem de DAME UM CAFÉ - perdoem esta invenção terminológica - é SUXIAL. Trata-se aqui de uma tentativa minha desnexada de querer misturar o social com o sexual numa palavra híbrida.

A vida das noites mindelenses depois do cambar do sol é espelhada aqui sem contemplações. A análise social pode aparentar-se dura. Mas, é uma realidade quase fílmica do género hollywoodesco. Trata-se daquelas realidades a que muitos de nós - pseudo-analistas sociais - fechamos os olhos ou simplesmente fazemos de conta que não existem, até essa mesma realidade nos bater à bater ou invadir o nosso campo ou área de conforto.

Hélder Fortes consegue de forma magistral neste livro espelhar vivências várias na sua perspetiva antropológica, social e de citadino sanvicentino. Retratar o Mindelo dessa forma é uma "forma de justiça". O cosmopolitanismo, a criatividade, a alegria contagiante, o brincar com coisas sérias, o não esconder as desgraças, e o vangloriar das suas doces loucuras, continuará na génese mindelense. No entanto, este livro vai mais fundo. Retrata a fuga da miséria e ao desemprego a que a ilha está votada nas últimas décadas num crescendo assustador.

O próprio termo DAME UM CAFÉ poderá ser muito sugestivo. Infirmativo até.

Vejamos que o acto de pedir um café é um signo ou gesto social. Este gesto poderá estar em equilíbrio ou não, dependendo do estatuto momentâneo, casual ou social do indivíduo nessa hora.

DAME UM CAFÈ, com efeito pode ser um gesto amistoso de socialização. Mas, também poderá estar a entrar no descambar da ruptura social, de alguma penúria alimentar.

DAME UM CAFÉ numa visão interpretativa poderá igualmente ser um grito de desespero. Ou mesmo "troco um CAFÉ por qualquer coisa que esteja à vista" já que já não nada mais para dar em troca.

DAME UM CAFÉ de Hélder Fortes, conduz-nos por esse Mindelo by night com uma alegria e uma vivacidade estonteantes. Dos turistas à procura do exotismo crioulo em que a terminologia é extensa. Dame um café, macacas e macaquinhas, para além das acompanhantes de luxo, nos hotéis e bares luxuosos, às estudantes universitárias que desenham esquemas para propinar o ano - umas só isso, outras viciam-se numa vida faustosa e sem limites... a não ser o próprio céu.

Das mulheres sonhadoras que ainda debruçam-se à janela a sonhar com príncipe/marinheiro encantado, não num cavalo-marinho, mas numa embarcação que levará o seu coração para longe.

Das macaquinhas que aprendem os rudimentos da arte da sedução, junto de emigrantes, dos homens casados e endinheirados, dos empresários aos políticos abastados. Por entre um CAFÉ, um poff, um ray, uma comidinha para as crianças que ficaram lá em casa à míngua. O pai e o marido - alguns fugiram à sua responsabilidade - e nem dão pão, nem farinha, nem consolo na horizontal às pobres mulheres, porque o álcool e outros vícios fumegantes levaram-lhes o orgulho fálico. Só resta mesmo fugir ou bater na companheira.

Do velho que quando novo não "curtiu" a juventude, e que agora num ímpeto louco de se agarrar à vida, gasta a sua reforma se enrolando dia sim dia sim com meninas de vida incerta...

By Daniel Medina.


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