Escolas charter são escolas financiadas com fundos públicos e com gestão privada. Estão presentes em diversos países e são originárias dos EUA, onde representam uma parte significativa do sistema de ensino. Lá, existem charter desde 1992, quando a primeira escola do tipo foi inaugurada em Minnesota. Atualmente, 44 estados possuem charter, que são operadas por entidades com e sem fins lucrativos e atendem 3,3 milhões de estudantes. No Brasil, as iniciativas inspiradas nas charter são pontuais e localizadas em algumas redes de ensino, porém, houve um aumento das propostas nos últimos anos. O modelo é apresentado por seus proponentes como solução educacional para uma suposta ineficiência da escola pública. É apresentado como inovador e eficiente, porém, há controvérsias que serão exploradas neste livro. Este livro mergulha na compreensão do modelo internacional para analisar a proposta de escola charter brasileira mais ambiciosa até o momento. Entre os anos de 2016 e 2019, o estado de Goiás tentou entregar parte da gestão de 30% de suas escolas para Organizações Sociais de Educação recém-qualificadas. O processo fracassou em alguns pontos, mas gerou desdobramentos, como a implantação de um programa semelhante na educação profissional de Goiás. Indo além da superfície e dos pressupostos ideológicos apresentados pelos proponentes de escolas charter no Brasil, aqui, o leitor encontrará um posicionamento embasado sobre a formulação e a implementação de um programa que tenta importar modelos internacionais, mas esbarra nos princípios constitucionais para o ensino e na falta de experiência de organizações privadas na área da educação. Espera-se que este livro seja de valia para quem deseja entender a proposta de escolas charter e refletir sobre as perspectivas para a educação brasileira.
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