Apresentar a obra "De como cresce em segredo a esperança", de Isabel Mallet, é uma tarefa extremamente prazerosa. Desde o primeiro encontro com a autora, encantei-me com sua capacidade de investigar a fundo e nunca se contentar com as primeiras impressões. O importante era realizar leituras extensas, atentas e criteriosas até encontrar o melhor caminho, a melhor possibilidade de diálogo com o texto abordado. Assim aconteceu no presente estudo, no qual as referências a Calvino, Bergson e Bloch respaldam uma abordagem clara e segura, em que a memória e a reutopização são vistos como elementos fundadores do texto onjakiano. O mergulho na narrativa do autor angolano também constitui outra qualidade de sua leitura que, muitas vezes, explora o intenso lirismo do autor. O livro que o leitor tem agora em suas mãos não apenas enfatiza a leveza e o lirismo do texto de Ondjaki, mas nos leva a uma valorização dos aspectos terapêuticos de sua obra e, por extensão, da literatura de um modo geral. A palavra terapêutico deve ser aqui entendida em toda a sua amplitude; como capacidade de encantamento, de sonho, de maravilhamento e, por que não dizer, de felicidade? (Teresa Salgado - UFRJ)