A obra pretende a partir da trajetória do intérprete Moreira da Silva discutir três variáveis: o imaginário trabalhista, empreendido ao longo dos dois governos de Vargas; as representações de malandro, engendradas em torno do sentido polissêmico da terminologia malandro; e o papel da música na história social e política de nosso país. Quando a historiadora chama atenção ainda para os projetos que almejavam a formação de um ideal de cidadão, via cultura, especialmente através do samba. Um cidadão ideal, nos anos de 1940-50 deveria estar afinado com os ideais concernentes à tríade relação: 'capital, trabalho e cidadania', que funcionou como força motriz para um projeto cívico musical, principalmente no período autoritário. Período de arregimentação do capitalismo e da industrialização brasileira, alicerçados sobre os ideais de segurança e integração nacional. Em Kid Morangueira é possível observar como as canções foram crônicas musicais de um período relevante do país e, como o cancionista respondeu aos "projetos oficiais da nação" para o trabalho, a cidade de modo sui generis, com a ironia e a transgressão, própria do riso.