O ano era 1982, a década era 1980, e isso tudo num país chamado Brasil! A maneira pouco convencional de agenciar sua narrativa de memória evidenciava de maneira franca a que vinha o livro de Marcelo Rubens Paiva, intitulado Feliz Ano Velho: inscrever as marcas de uma geração, da sua geração, no olimpo da cena cultural e literária de sua época, regado a doses de muita irreverência, escracho e deboche no contexto da redemocratização e da abertura política. Procuramos no presente trabalho explorar a relação entre uma escrita de si, o componente da memória e as marcas de uma cultura jovem presentes no relato autobiográfico de Feliz Ano Velho, com o objetivo de compreender as possibilidades de intervenção no cenário cultural de sua época, aliado ao tema de um acidente e da presença de um cenário que ganhará projeção tendo como traço principal o universo da experiência da deficiência física, redimensionando, assim, o lugar atribuído ao registro de memória de cunho propriamente individual na sua relação com a memória social de seu tempo, de sua geração.