Esta pesquisa se dedicou a discutir as relações de gênero presentes nas práticas do cotidiano ritualístico da comunidade religiosa denominada Vale do Amanhecer e seu contexto sócio-cultural, tendo como principal referencial teórico a investigação científica feminista. A abordagem feminista, enquanto crítica à modernidade, tem como propósito enfocar essas relações, revelar questões costumeiramente marginalizadas e apontar quem oprime e quem sofre opressão em um sistema baseado na desigualdade de gênero. O Vale do Amanhecer foi criado e consolidado a partir das clarividências de sua fundadora, Neiva Chaves Zelaya, a Tia Neiva, e destaca-se pelo sincretismo de crenças, símbolos, estrutura de práticas ritualísticas e indumentárias utilizadas por seus/suas adeptos/as. Diante deste objeto de estudo, nossa proposta se associa ao esforço de compreender os papéis desempenhados por homens e mulheres para demonstrar como o determinante biológico sexo classifica as pessoas como aptas ou não para o desempenho de determinadas funções em algumas práticas ritualísticas.