Este trabalho tem como objeto central os diários de Lima Barreto, redigidos no início do século XX. As anotações contêm a diferenciada perspectiva do escritor sobre o processo de modernização, conhecido como "Renovação", que modificava o cenário urbano do Rio de Janeiro. No contexto de intensas transformações políticas e sociais, Lima Barreto foi internado duas vezes no Hospital Nacional de Alienados - em uma delas, escreveu o "Diário do Hospício", documento que reúne detalhado registro sobre a rotina dos internos e o uso do poder psiquiátrico como mecanismo de controle, sobretudo, social. Relegado às margens pela "intelligensia" carioca, Lima Barreto revisiona esse espaço e recria a sua própria condição por meio da escrita, problematizando aspectos que seriam valorizados pelas correntes literárias posteriores, notadamente o modernismo.