A arquitetura popular constitui-se em um importante elemento de expressão das interações ocorridas entre as diversas culturas formadoras de uma sociedade. O Brasil se caracteriza por uma ampla formação cultural que nos legou uma diversidade ainda maior de heranças construtivas, sendo uma destas as africanas. Propõe-se assim o reconhecimento das influências africanas ocorridas devido à interação entre as culturas construtivas em terra crua da mão de obra escrava, de origem afro-ocidental trazida para trabalhar, e daquelas técnicas usadas nas construções do século XVIII. O grau de autonomia dado ao escravo na concepção de suas moradias nas fazendas, nos arredores das vilas e nos assentamentos das empresas mineradoras será distinto daquele conferido a estes na formação de quilombos. Esta diferenciação se reproduziu nas formas, usos e apropriações dos espaços, entretanto sempre estiveram ligadas a matrizes arquitetônicas africanas. Desta maneira, foi possível atestar que as relações entre as configurações espaciais e as estruturas sociais na África Ocidental e em Minas Gerais são similares em vários aspectos, sendo estas partes constituintes de nossa arquitetura popular.