Pretende-se com este texto explicar de que modo "o desenho criativo é para o autor uma procura de sentido e de uma consciência mais alargada de si". Para esse efeito, procedeu-se a uma abordagem do desenho sob o ponto de vista do fenómeno da produção criativa. Partiu-se do pressuposto de que na produção existe uma tendência deliberada e uma tendência intuitiva, sendo que esta última se associa a uma certa liberdade interior que se reflete sobre o pensamento. Esta liberdade resulta do/no equilibro de uma relação "Eu - não-eu" e de uma relação "Eu - Eu". Pretendeu-se, assim, saber se o sentido que se procura na criação através do desenho será a satisfação de uma certa inquietação e de uma consciência mais alargada, ambas num sentido libertador. Para uma maior consistência empírica, formulou-se um conjunto de entrevistas semi-estruturadas que foram aplicadas a onze artistas plásticos e a dois arquitetos. Numa inter-relação entre a investigação bibliográfica e as entrevistas, concluiu-se que o desenho, de facto, contribui para reforçar a relação "Eu - não-eu - Eu", segundo a satisfação do reequilíbrio "Eu - Eu" que se consubstancia na procura na liberdade de criação através do desenho