"Que longo trajeto o da etnografia! De um conceito usado pelos antropólogos para se referir ao seu fazer, o que incluía o estranhamento, o trabalho de campo, mas também um diálogo teórico com autores da disciplina, até sua banalização atual, sendo sinônimo para todo o procedimento de pesquisa não quantitativa que envolva contato direto com pessoas - ou, até, como no caso, contato mediado por uma câmera de filmar". CARMEN RIAL (presidente da Associação Brasileira de Antropologia) Carmen Rial acerta em cheio ao dizer, no prefácio do livro, o quanto a etnografia, ao mesmo tempo em que ganhou novos campos, perdeu elementos que a caracterizavam em seu escopo inicial. A etnografia vem sendo cada vez mais empregada como recurso de pesquisa nas grandes empresas. O que poucos pesquisadores de mercado sabem, no entanto, é que a etnografia é um modo de pesquisar que tem origem na antropologia. O objetivo do livro não é, de modo algum, disputar o conceito, mas antes, dar a conhecer modos de se fazer uma pesquisa etnográfica considerando os elementos do seu escopo inicial e adaptando-a aos estudos de consumo no ambiente urbano. Nesta obra, as organizadoras convidaram autoras que optaram pela etnografia em seus trabalhos acadêmicos, a dividirem com o leitor as suas experiências de campo. Algumas dessas autoras, que também possuem vínculos com o trabalho de pesquisa de mercado, proporcionam ao leitor o conhecimento de algumas possibilidades de pesquisa etnográfica, abordando, não só a riqueza de dados que ela proporciona, mas seus percalços, dilemas e dificuldades. Etnografias possíveis é um livro indicado para pesquisadores da academia e do mercado que desejam mergulhar no fascinante mundo do consumidor usando os recursos etnográficos como um meio seguro para ganhar mais profundidade neste mergulho.
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