A presente pesquisa discute os usos do dispositivo fotográfico na poesia de Carlos Drummond de Andrade, visto que frequentemente encontramos nessa lírica um eu lírico leitor de fotografias, que a partir da observação de um retrato ou ainda de um álbum de fotografias, tenta elaborar o passado, organizar suas memórias e reconstituir suas lembranças. A fotografia, dessa maneira, aparece na lírica drummondiana não somente como uma temática recorrente, mas também como um modo de observação de mundo que perpassa mesmo os poemas que não discorrem sobre fotografias. Foram analisados poemas em que foram encontradas referências a fotografias, retratos, imagens e demais referentes visuais, atentando ainda para aqueles que apresentavam características da linguagem visual manifestadas na linguagem poética. As análises confirmam nossa hipótese de que há uma relação entre a consciência da incapacidade de se apreender o passado através do dispositivo fotográfico e a característica gauche da poesia drummondiana, visto que a variação dos modos de interpretação dos usos do dispositivo fotográfico é permeado por ambivalências e contradições, fato que reitera o desajuste da personalidade drummondiana,