A envergadura e o alcance dessa obra atingem a interdisciplinaridade de maneira didática e profunda. Fica muito claro, ao longo de todo o texto, a presença de um fio condutor que orienta e provoca o leitor a todo tempo, de modo a fazê-lo interrogar-se acerca dos métodos e instrumentos utilizados no processo de amparo às vítimas e como a humanização de algumas relações jurídicas pode ser útil ao desdobramento de melhores soluções. Cada sujeito que atua como um ator em rede é, na verdade, uma coletividade que se relaciona com outras coletivas, quer sejam outros sujeitos, quer seja o próprio Estado. O mais interessante disso tudo é perceber que esses sujeitos não podem ser parametrizados ou esquadrinhados de maneira objetiva ou matemática. São, a todo tempo, elementos dinâmicos que carregam consigo as lutas e as ambivalências, construídas ao longo do tempo a partir de suas próprias histórias. É por isso que não podem (e nem devem) ser considerados indivíduos elementares que corporificam e representam alguma vontade, mas muito mais do que isso, devem ser reconhecidos e colocados em movimento a partir de suas necessidades, para que só então possamos entender o que move e o que representa a Justiça Restaurativa. Professor Danilo Neves, Mestre em Antropologia pela UFPI