"Em "Autobiografia", o emblemático "o poeta é um fingidor/finge tão completamente/que chega a fingir que é dor/a dor que deveras sente", de Fernando Pessoa, traz uma noção-chave: fingimento, do latim 'fingere' (forjar, talhar, dar figura à matéria), como re(a)presentação do real, (re)encenação de nosso ser-estar em desalinho, do maravilhamento e do espanto ante o mundo em seu curso até mesmo mais comezinho. Confirma assim a que vêm a arte e o desdobrável exercício da escrita: inscrever-se por meio da (re)elaboração da vida, que só avulta possível "reinventada", como assinala Cecília Meireles. Pois sob frondosa copa, a portoalegrense Suzana Outeiral gentilmente nos convida a recostarmo-nos na mais antiga das árvores: a figueira. E de seus guardados cuidadosamente desocultados, vamos colhendo - um a um - os seus frutos acredoces e nos emocionando com ora erráticos percalços ora determinados passos desta gaúcha-candanga, que se foi fazendo forte e feminista; artista e professora; atriz e dramaturga; amiga, filha, mãe, avó: mulher, enfim, em todo seu contraditório e desafiador feixe de avanços, recuos, disparates, acertos, atrevimentos - percurso a margear aquela alegria benfazeja, também 'amaciada de tristeza', derramada no caminho pelo Menino de Guimarães Rosa, lembrando-nos, sempre, que, não à toa, etimologicamente, a palavra coragem ('coraticum') guarda a mesma raiz de coração." - Luciana Barreto, poeta e professora.
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