A cuíca, um tambor de fricção bastante usado na percussão do samba, se desenvolveu no Brasil a partir de tambores centro-africanos de Angola e do Congo. Há referências sobre instrumentos bastante parecidos, oriundos de regiões onde viviam os kimbundos, ambundos e kiocos. Entre nós, o tambor dos bantos foi chamado, além de cuíca, de fungador, tambor-onça, angona-puíta etc. Nos primórdios do samba, as cuícas, muitas vezes construídas artesanalmente a partir de barricas e pequenos tonéis de madeira, exerciam funções ligadas à marcação do ritmo, explorando sonoridades mais graves. Aos poucos, porém, o instrumento foi se transformando, ganhando características sonoras mais agudas, batucando e repicando sonoridades peculiares em rodas, terreiros, escolas de samba e shows. É esse instrumento marcante na história da percussão brasileira que conduz as histórias contadas neste livro por J. Muniz Jr. e Paulinho Bicolor. Os autores, com conhecimento de causa curtido no couro das rodas de samba, abordam nas páginas que seguem a trajetória de grandes nomes da história do instrumento. A partir da figura seminal de João Mina, batuqueiro do bairro carioca do Estácio de Sá, que introduziu o instrumento nas escolas de samba, temos um passeio que mistura dados biográficos, modos de tocar, inovações, contribuições e heranças deixadas por nomes como Manoel Quirino, Bide, Generoso, Ministrinho e tantos outros. Ao relembrar as trajetórias dos grandes construtores dos modos brasileiros de tocar cuíca, os autores prestam ainda um serviço inestimável à historiografia do samba, chamando para a grande roda do tempo - pelo nome - aqueles que, a partir das gramáticas do tambor, ousaram preencher o vazio com sonoridades inusitadas. Luiz Antonio Simas
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