A obra analisa a Educação Integral no Brasil e o governamento dos sujeitos escolares. Foram tomados como aportes teórico-metodológicos os estudos e as teorizações produzidas por Michel Foucault, os quais remetem à governamentalidade e ao dispositivo. Foi realizado um estudo de inspiração genealógica, dividindo o livro em duas partes importantes e complementares. Primeiro, analisa-se a proveniência de propostas de Educação Integral no Brasil, desde o início do século XX, utilizando-se documentos, legislação, materiais de orientações e reportagens desse período, que compreendeu propostas materializadas nas escolas modernas ou racionalistas do movimento anarquista, a defesa de Anísio Teixeira em relação à Educação Integral e à construção de escolas-classe e escolas-parque, Centros Integrados de Educação Pública (Ciep), Centros Integrados de Atendimento a Criança (Ciac), até se tornarem Centros de Atenção Integral à Criança e Adolescentes (Caic.) Ainda nessa primeira parte, encontram-se as possibilidades legais construídas para a constituição de uma Educação Integral no país, perpassando, então, pelas políticas de inclusão colocadas em evidência nas duas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva, em que nasce o Programa Mais Educação. Discute-se a noção de sociedade de aprendizagem, tomando por análises os encaminhamentos em relação à Educação Integral na gestão da presidenta Dilma Rousseff. Na segunda parte do livro, discute-se a emergência do dispositivo de inter-setorialidade, na Educação Integral contemporânea, que opera formas de governar por meio de práticas intersetoriais nas escolas. São analisados os documentos legais e as orientações emitidas pelo Ministério da Educação sobre o Programa Mais Educação, que teve duração de 2007 até 2015. As discussões trazidas neste livro destacam a noção que a Educação Integral contemporânea possibilita a emergência do dispositivo de inter-setorialidade na educação, sustentado pela jornada ampliada nas escolas, como espaço de constituição de uma subjetividade preventiva. Evidencia-se que o sujeito da Educação Integral contemporânea deve reconhecer-se como um sujeito que vive na intersetorialidade, que precisa ter seu tempo investido em constante processo de aprender, não só os conhecimentos escolares, mas também no que se refere à aquisição de certas atitudes, como as de prevenção dos riscos para viver em sociedade.
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