O livro trata de uma pesquisa que procurou compreender como os discursos sobre o feminino são construídos e negociados em um grupo psicoterápico no contexto de um serviço de saúde mental. Lançamos mão principalmente de uma psicologia social discursivamente orientada, alinhada à epistemologia construcionista social, que compreende o mundo social como uma construção coletiva e privilegiam-se as diferentes formas de interação e linguagem que histórica e culturalmente constroem o conhecimento do mundo. Analisamos sessões de terapia de grupo que aconteceram com a participação de 07 pacientes do sexo feminino. Observou-se a forma como essas mulheres se posicionam diante de diferentes temas que surgem no grupo, a forma como lidam e resolvem dilemas ideológicos e também identificamos os repertórios interpretativos utilizados por elas ao falar do feminino. Nas trocas dialógicas percebemos um movimento constante ora de adesão, ora de afastamento de versões convencionais do que é ser mulher, do agir de modo feminino, contribuindo em alguns momentos para a manutenção do estado de assimetria de gênero, mas em outros, abrindo espaço para novas construções e versões mais igualitárias de gênero.