Essa obra aborda a construção social do território Quarta Colônia, localizado na região central do RS/Brasil. A análise verificou que a identidade territorial da Quarta Colônia sustenta-se sob uma teia de significados tecida a partir de uma heterogeneidade de elementos. O patrimônio natural e cultural, os costumes, as tradições, os saberes e fazeres dos antigos colonizadores são as referências para o pertencimento. Os sentidos da narrativa identitária ancoram-se, portanto, na reivindicação étnica, principalmente da italianidade, referenciada por um passado colonial, um tempo constantemente revisitado e exaltado nos discursos afirmativos, nos rituais festivos e demais espaços de sociabilidade. A narrativa fundamenta-se em mitos de ancestralidade, tendo na gastronomia uma importante matriz de sentidos de identificação e diferenciação, produzindo uma recorrente reivindicação de uma noção de tipicidade difusa, ainda sem maiores pretensões a reivindicações de singularidades. Revela-se, assim, que a construção da identidade territorial da Quarta Colônia se processa em espaços de fricção interétnica, estando imersa em relações de poder que dirigem a narrativa de forma hegemônica.