Trabalhar com Psicologia Clínica e mais especificamente com a clínica psicanalítica, sempre foi um prazer e um desafio muito grande para mim. No entanto, ao descobrir a clínica infantil, pude experimentar uma maneira peculiar de lidar com o outro e suas problemáticas. As crianças trazem suas dores de um modo ao mesmo tempo escancarado e nublado. Suas falas, suas histórias, seu choro ou seu sorriso, colocam sempre o corpo em evidente contato com seu sistema psíquico. A criança obesa, por sua vez, enfrenta na nossa modernidade, o conflito diário entre o prazer oferecido pelo acesso ao que há de mais "gostoso" nos cardápios da vida; e as críticas e cobranças por não ter um corpo valorizado pelo social. O amor entra em colapso: o outro como espelho e o espelho que me mostra sem o outro. O que posso ver, então?