Nem sempre a morte está na extremidade do tempo. Quando ela chega cedo, viola a história dos que ficam, não há como repará-la, nem apagar a dor do seu rastro, então, é preciso reacomodar a vida para que caiba de novo em si. Assim, após a partida prematura da mãe, apesar do sofrimento que causou em todos, a jovem e corajosa Prenda, decidida a não deixar essa ausência esfacelar ainda mais a família, assume a tarefa de criar os irmãos, mantém a ordem da casa, e ajuda o pai no sustento do lar. E mesmo que aquela vida que ela estivesse vivendo não fosse inteiramente sua, pertencia-lhe por amor e comprometimento, a herdara por memórias, a aceitara por valor. Sem saber, Prenda começa no ofício da costura, ainda não são panos dos outros, mas sim, o próprio tecido familiar, que ela cose para que existir não se torne precário. Aos poucos, Prenda vai amadurecendo, torna-se o esteio do pai e dos irmãos, é admirada e respeitada pelos vizinhos. É calorosa e gentil. Intuitiva, generosa, altiva, perspicaz e humana. A mãe segue sendo sua maior inspiração e recorre às suas lembranças nos momentos que exigem sabedoria. Entretanto, logo Prenda iria descobrir que viver é bem mais que um exercício diário de silenciosa resistência, não basta crescer experenciando a dor, há outros ruídos além da morte. Outra vez ela é expatriada da sua própria história, sobre seus ombros recaem a vilania e a tragédia. Diante da solenidade das quedas, Prenda refunda a alma, deixa em si mesma o que nunca será esquecido: um passado não poderá ser contado enquanto o presente permanecer encoberto sob os desconfortáveis panos dos segredos.
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